domingo, 25 de novembro de 2012

O galo cantou e a casa caiu


Despertador, no mundo real, é um instrumento de tortura utilizado para acabar com a felicidade dos humanos. No meu, é uma máquina que serve para avisar que a vida não pode ser apenas um sonho. Ou seja, em ambos os mundos, ele é a mesma coisa.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A volta dos que não foram


Não acredito em reencarnação, aliás, não quero reencarnar, mas se for pra voltar, que seja no corpo de um passarinho desses que a gente vê por aí. Se eu tiver que encarar uma segunda vida, que pelo menos dessa vez eu possa voar.

domingo, 18 de novembro de 2012

Panóptico


É como se eu fosse um carro insulfimado: só conseguem ver o que tem dentro se eu abrir as janelas.

domingo, 16 de setembro de 2012

Homônimos perfeitos 3




Trilha sonora, no meu mundo, é um conjunto de músicas cuidadosamente escolhidas que são utilizadas para abafar a voz dos outros, a fim de permitir que vivamos as nossas vidas como bem entendemos. No mundo real, é um cd de novela com versão nacional e internacional.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Regurgitar



Escreva, mas escreva de dentro para fora. Vomite no papel.
Quando as palavras são engolidas, corre-se o risco de morrer engasgado.

Formalidades




Declaração de amor nada mais é que um documento por meio do qual uma pessoa louca declara, para os devidos fins, que uma outra determinada pessoa integra, por tempo indeterminado, uma função vital em seu coração.


Ou pode ser só uma telemensagem ao vivo mesmo.

Linha tênue




Medo, por um lado, é não pular de bungee jump. Por outro, é não fazer uma declaração de amor.
Por um lado você quer manter seu corpo vivo. Por outro, você quer matar seu coração.

Contexto




Semana, no meu mundo, é um conjunto de dias utilizado para enlouquecer seres humanos.
No mundo dos privilegiados, um conjunto de panos de secar louça com uma vaquinha estampada de segunda a sexta-feira.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Um quarto diz mais do que mil palavras


Metade de um manequim de loja achado no lixo, um colete salva vidas roubado de um avião, um roupão de seda feito por uma amiga da mãe, um guia espanhol de turismo gay das grandes metrópoles mundiais furtado de uma mesa por aí, uma tese de mestrado sobre transexualidade, milhões de peças de roupa jogadas na cama de solteiro, ah, uma cama de solteiro além da cama de casal, uma bolsa nunca utilizada, agendas 2012/ 2011/ 2010/ 2009, um relógio de parede no chão, três travesseiros, todas as portas e gavetas do guarda-roupas abertas e uma vontade louca de que o meu quarto fosse diferente de mim.

domingo, 26 de agosto de 2012

Sobre contar carneirinhos



Quando eu conto carneirinhos, normalmente os imagino de cores diferentes, alguns gordinhos e fofinhos que chegam a ser sósias de nuvens, outros com rinite por causa de tanta lã. Imagino carneirinhos com famílias e sérios problemas cotidianos para resolver. Imagino carneirinhos cansados de pular as cercas que imagino que eles pulam quando eu os conto. Imagino o que acontece com os carneirinhos depois de pularem a cerca e, mais que isso, me pergunto qual é o motivo de pularem cercas e não corda. Imagino o que seria de mim se não soubesse contar. Quando eu conto carneirinhos, eu perco completamente o sono.

Precaução



Tudo o que você precisa saber de mim eu tranquei numa caixinha e enterrei. Depois, com muito cuidado, desenhei um mapa e pedi para um gigante, amigo meu, guardar como se fosse a sua própria vida. Receio que jamais você consiga achá-la, mas prefiro conviver com isso, do que descobrir que você acha que não precisava saber tudo de mim.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Invisibilidade



Nos cabides, as jaquetas se espremem para conseguir olhar pela fresta do guarda-roupa o seu amado. Todas, ansiosas no armário, torcem a cada dia para serem escolhidas por ele e desfilarem por aí à sua companhia. O rapaz, todos os dias, decide qual jaqueta fica mais bonita, desfila por aí com ela, e torce para ser escolhido como companhia de alguém. O alguém esbarra em ambos quase sempre, mas, infelizmente, não vê a jaqueta, muito menos, o rapaz.

Homônimos perfeitos 2


Depressão, na geografia, é um buraco. Na psicologia, um buraco mais fundo.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Sobre rebelião




Revoltados, os sentimentos condenados à prisão perpétua acabaram de atear fogo no coração e, com canequinhas de metal cheias de mágoa, batem nas grades reivindicando liberdade ou um novo julgamento. Informações internas garantem que a razão está mantida como refém, e que se caso as exigências dos detentos não forem atendidas, começarão a jogar lágrimas pelas janelas.

domingo, 12 de agosto de 2012

Além do manual de instruções


Certa vez, um médico se apaixonou perdidamente e inventou o medidor de batimentos cardíacos para contar à amada quantas vezes o seu coração pulsava de amor. Tendo sido rejeitado, ele escondeu de todos a real função do aparelho e, até hoje, o utilizam para informar quando um coração morre.

Homônimos perfeitos


Simpatia, no meu mundo, é uma característica presente em não muitos seres humanos. No mundo dos supersticiosos, uma esperança.

Lógica do pessimismo


"Querer é poder" trata-se de uma mentira inventada para que não desistamos de nossos sonhos. Sonhos são mentiras inventadas para que não desistamos de querer. E, nessa equação gramatical, o "poder" sobra e é igualado a zero.

Sobre não dormir


Não deveria estar acordado, mas dormir parece tão solitário. Com os olhos abertos pelo menos vejo que as paredes, os livros, e até aquele guarda-chuva azul marinho pendurado me fazem companhia. Dormindo eu só chego à conclusão que invento sonhos, e os meus sonhos inventados, quando acordo, se tornam solidão.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Medo e medida


Há dias em que me sinto como se estivesse em pé na beira de um precipício, e isso realmente me amedronta. Mas, por incrível que pareça, só me assusto de verdade quando não consigo sentir nada.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Autodestruição em massa



Para superar todas as vezes que amores não correspondidos te fizeram sofrer, coma macarrão.

domingo, 15 de julho de 2012

O avesso de mim mesmo



Era para dizer sim, mas eu, por algum motivo, vivo dizendo não.
Nessa história toda, me sinto um guarda-chuva que, de tão teimoso, evita a água em vez de guardá-la.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Discursos bem-ditos!


Sempre vejo alguns vídeos, fotos e textos na internet cujos conteúdos são um tanto quanto desnecessários. Acompanhando tais materiais, acabo encontrando comentários do tipo: "maldita inclusão digital". Realmente, alguns desses textos/vídeos/fotos são totalmente dispensáveis, mas não pela maneira como foram produzidos, e sim pelo conteúdo que possuem. Nesse caso, tenho a absoluta certeza que a inclusão digital não é a culpada,

Felizmente, a internet concedeu visibilidade para as pessoas que antes não tinham a possibilidade de serem ouvidas/lidas/vistas. Confesso que, assim como muita gente, já fui preconceituoso na questão da linguagem, contudo, confesso também que era por ignorância. Hoje, pelo contrário, compreendo que a linguagem é, puramente, comunicação e, como tal, não se baseia somente num conjunto de normas gramaticais, mas sim na capacidade de fazer com que compreendam o que estamos querendo dizer.

As redes sociais, por exemplo, possibilitaram que o discurso fosse desinterditado, ou seja, os discursos que antes eram “evitados” por serem considerados “pobres” e “burros” pelo simples fato de não obedecerem às gramaticalidades, passaram a ser lidos/ouvidos.

Não é novidade para ninguém, que, no Brasil, o poderio da comunicação está concentrado nas mãos de poucas famílias, que decidem quais informações os brasileiros devem, ou não, ter conhecimento. Dessa maneira, um modo de manter o status quo, é condenar a disseminação de conteúdos por quem não sabe “dizer” da maneira “correta”, a saber: o pobre. Lógica burguesa capitalista, não?

Depreciar conteúdos produzidos por quem, por diferentes motivos, não domina as normatividades ortográficas é, no mínimo, uma atitude ditatorial. É basicamente dizer: “por favor, você que não sabe a norma culta, não se expresse”. É negar o direito à comunicação.

Por favor, você que está entre os meus contatos do facebook, não me faça ter vergonha de tê-lo por aqui. Não seja ridículo a ponto de menosprezar discursos gramaticalmente incorretos. Acreditem, já vi/li muita gente letrada dizer/escrever besteiras colossais e, em contraponto, já tive oportunidade de aprender muito com quem não sabia sequer escrever. Sou totalmente a favor da liberdade discursiva, pois só assim a expressão das diversidades aparece.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Sobre os zumbis

Bonito ele não era. Talvez, sua aparência fosse, no máximo, agradável. Sabia que podia melhorar, mas isso exigiria tempo (que ele não tinha pra desperdiçar), dinheiro (que ele não tinha pra gastar), paciência (que ele não conhecia o significado) e, o mais complicado: vontade.

Inquestionavelmente receoso, jamais atrapalhava a vida dos outros (morria de medo de ser inconveniente). Dormir, para ele, poderia não ter aquela parte chata: acordar. Por natureza, era sonhador. Parecia uma criança de tanto que sonhava – mesmo sabendo que nenhum de seus sonhos se tornaria realidade.

Um dia, sem querer, se apaixonou. E, acreditem se puderem, a única coisa incrivelmente maravilhosa que a paixão – não correspondida - trouxe para ele, foi a capacidade de morrer e convencer a todos que ainda continuava vivo.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Goteiras


Chove em Curitiba, mas o que molha é o meu travesseiro.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sobre cozinhar


Nada estava dando certo
Então ele resolver cortar cebolas.