Sempre vejo alguns vídeos, fotos e textos na internet cujos conteúdos são um tanto quanto desnecessários. Acompanhando tais materiais, acabo encontrando comentários do tipo: "maldita inclusão digital". Realmente, alguns desses textos/vídeos/fotos são totalmente dispensáveis, mas não pela maneira como foram produzidos, e sim pelo conteúdo que possuem. Nesse caso, tenho a absoluta certeza que a inclusão digital não é a culpada,
Felizmente, a internet concedeu visibilidade para as pessoas que antes não tinham a possibilidade de serem ouvidas/lidas/vistas. Confesso que, assim como muita gente, já fui preconceituoso na questão da linguagem, contudo, confesso também que era por ignorância. Hoje, pelo contrário, compreendo que a linguagem é, puramente, comunicação e, como tal, não se baseia somente num conjunto de normas gramaticais, mas sim na capacidade de fazer com que compreendam o que estamos querendo dizer.
As redes sociais, por exemplo, possibilitaram que o discurso fosse desinterditado, ou seja, os discursos que antes eram “evitados” por serem considerados “pobres” e “burros” pelo simples fato de não obedecerem às gramaticalidades, passaram a ser lidos/ouvidos.
Não é novidade para ninguém, que, no Brasil, o poderio da comunicação está concentrado nas mãos de poucas famílias, que decidem quais informações os brasileiros devem, ou não, ter conhecimento. Dessa maneira, um modo de manter o status quo, é condenar a disseminação de conteúdos por quem não sabe “dizer” da maneira “correta”, a saber: o pobre. Lógica burguesa capitalista, não?
Depreciar conteúdos produzidos por quem, por diferentes motivos, não domina as normatividades ortográficas é, no mínimo, uma atitude ditatorial. É basicamente dizer: “por favor, você que não sabe a norma culta, não se expresse”. É negar o direito à comunicação.
Por favor, você que está entre os meus contatos do facebook, não me faça ter vergonha de tê-lo por aqui. Não seja ridículo a ponto de menosprezar discursos gramaticalmente incorretos. Acreditem, já vi/li muita gente letrada dizer/escrever besteiras colossais e, em contraponto, já tive oportunidade de aprender muito com quem não sabia sequer escrever. Sou totalmente a favor da liberdade discursiva, pois só assim a expressão das diversidades aparece.
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