terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Aqui jaz uma quimera.


A porta poderia ser aberta, os dois lances de escada e o humilde corredor poderiam ser vencidos, mas não, o corpo encontra-se estático, imóvel, parado.

Não! Ele ainda não morreu. O sujeito ao qual me refiro sente-se apenas impotente...incapaz, vencido. A velha história “perdi a batalha, mas não a guerra”, sentido algum faz. Guerra não houve, batalha muito menos, afinal, o embate em questão só seria possível com a existência de um adversário.

Gritar, talvez um berro desesperado pudesse...Não, aqui por essas terras todos são surdos.

Desvia o olhar, constrói barragens para segurar a cachoeira que verte dos olhos que deveriam ser cegos...desiste.

Talvez se fosse mais sincero. Talvez se parasse com o medo de ser inconveniente. Talvez se existisse de verdade. Talvez, talvez, talvez...nunca consegue sair dessa relativização.

Quando o inverno romper a linha que o separa da estação anterior, novamente as roupas pesadas sairão do baú empoeirado para desfilar sozinhas pelas ruas.

Ele gostaria de hibernar, deixar a letargia dominá-lo e, finalmente, sumir por alguns meses. Sonhava ser apenas um animalzinho endotérmico de pequeno porte.

Contudo, eu sempre o questiono: “Qual o motivo disso?”.

É preciso fazê-lo perceber que somente os cegos, como o que ele se tornou, seriam incapazes de perceber que o irresponsável coração vandalizado já não pode mais hibernar...morreu.


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