Regina Gremel, 56 anos e mulher por identificação. Desde que se conhece por gente sofre de reumatismo, doença chata, complicada, que requer constante tratamento. Diarista por condição (não conseguiu terminar o ensino fundamental por causa daquela velha história da inocência cruel das criancinhas) infelizmente nunca teve condições de pagar um plano de saúde, ou seja, é usuária do sistema único de saúde, nosso velho conhecido SUS.
Rosto familiar entre os médicos e enfermeiras da unidade de saúde Cajuru, bairro em que mora, há quase trinta anos convive com a rotina de consultas e exames, e mais consultas e mais exames. Ruiva, 1,77m de altura, calça jeans cós alto (aprendeu com a mãe que cós baixo deforma o corpo da mulher) sapato chanel e casaquinho de crochê, lá vai ela para sua consulta mensal. Sempre se sentiu muito grata pela gentileza com que é tratada no postinho (Regina sempre diz que não é acostumada a receber muitas gentilezas das pessoas).
Firmino Correia! Grita o médico, chamando o próximo paciente. Senhor Firmino Correia! De cabeça baixa, o rosto queimando de vergonha, levanta o senhor Firmino, ruivo, 1,77m de altura, calça jeans cós alto, sapato chanel e casaquinho de crochê. É nessa hora que as crianças na fila do “Zé Gotinha” zombam (Regina se recorda dos coleguinhas rindo dela na 7ª série) as mães olham torto, e o médico olha para dona Regina e, cordialmente, cumprimenta: “Bom dia, Seu Firmino”.
No dia oito de março deste ano, na cidade de Curitiba, o Secretario Estadual da Saúde, senhor Gilberto Martin, assinou uma resolução que regulamenta a possibilidade de pessoas transexuais serem chamadas por seu nome social no serviço público de saúde. A solenidade contou com a presença de travestis e transexuais que agradeceram pela oportunidade de ter um acesso mais digno ao sistema.
Considero a atitude um marco importante na luta pelos direitos humanos, mas não consigo não me perguntar qual foi o real motivo que levou a esse avanço, visto que desde 2004 o Ministério da Saúde já havia dado permissão e recomendação para tal processo. Talvez seja devido ao fato de ser ano eleitoral. Mas talvez seja uma ordem presidencial, tendo em vista que ninguém mais, ninguém menos que o nosso Presidente da República acessa qualquer serviço com o seu nome social (mudado até no RG). Afinal, quem é o dirigente mais popular de todos os tempos no Brasil? Luiz Inácio ou o Lula?
Rosto familiar entre os médicos e enfermeiras da unidade de saúde Cajuru, bairro em que mora, há quase trinta anos convive com a rotina de consultas e exames, e mais consultas e mais exames. Ruiva, 1,77m de altura, calça jeans cós alto (aprendeu com a mãe que cós baixo deforma o corpo da mulher) sapato chanel e casaquinho de crochê, lá vai ela para sua consulta mensal. Sempre se sentiu muito grata pela gentileza com que é tratada no postinho (Regina sempre diz que não é acostumada a receber muitas gentilezas das pessoas).
Firmino Correia! Grita o médico, chamando o próximo paciente. Senhor Firmino Correia! De cabeça baixa, o rosto queimando de vergonha, levanta o senhor Firmino, ruivo, 1,77m de altura, calça jeans cós alto, sapato chanel e casaquinho de crochê. É nessa hora que as crianças na fila do “Zé Gotinha” zombam (Regina se recorda dos coleguinhas rindo dela na 7ª série) as mães olham torto, e o médico olha para dona Regina e, cordialmente, cumprimenta: “Bom dia, Seu Firmino”.
No dia oito de março deste ano, na cidade de Curitiba, o Secretario Estadual da Saúde, senhor Gilberto Martin, assinou uma resolução que regulamenta a possibilidade de pessoas transexuais serem chamadas por seu nome social no serviço público de saúde. A solenidade contou com a presença de travestis e transexuais que agradeceram pela oportunidade de ter um acesso mais digno ao sistema.
Considero a atitude um marco importante na luta pelos direitos humanos, mas não consigo não me perguntar qual foi o real motivo que levou a esse avanço, visto que desde 2004 o Ministério da Saúde já havia dado permissão e recomendação para tal processo. Talvez seja devido ao fato de ser ano eleitoral. Mas talvez seja uma ordem presidencial, tendo em vista que ninguém mais, ninguém menos que o nosso Presidente da República acessa qualquer serviço com o seu nome social (mudado até no RG). Afinal, quem é o dirigente mais popular de todos os tempos no Brasil? Luiz Inácio ou o Lula?